Dois fabulosos: Valter Hugo Mãe e Paulo Furtado

Chovia torrencialmente, coloquei o jornal debaixo do braço e percorri meia cidade.

Cheguei junto da Vera e mostrei-lhe a minha última crónica. Vindo da rua chega um homem debaixo da tempestade, alguém sem nome, desconhecido, indivíduo sem identidade, pessoa que é apenas pessoa. O homem meio perdido no olhar questiona sobre a livraria “Entre Livros”, ao que lhe apresentámos o caminho de ida. A Vera, depois, perguntou-me: “Viste quem era?” ; “Não, quem é?”; “É o Valter Hugo Mãe”.

Foi ontem que conheci este escritor de forma incondicional, depois fui até à livraria conhecê-lo de forma condicional: “Outra vez.”, novamente, “no mesmo dia.”.

“a máquina de fazer espanhóis” é o livro do meu presente olhar, Valter é um grande escritor.

Após, troquei breves palavras com outros pensadores de Thomar que por ali habitavam, também eles na mesma intenção, a digna consideração de conhecer a nascente da essência das palavras, aquele que concebe e faz nascer um mundo. Porque cada artista é um Deus diferente.

Eram 21.35 quando voltei a atravessar meia cidade, agora para abraçar o trabalho do Paulo Furtado, “The Legendary Tiger Man”. Fiquei na fila da frente, enquanto houve frente, para absorver o mundo deste músico monumental. Foi um grande concerto, onde foi possível sentir a essência dos ecos do rock, blues, talvez country e algo mais que a arte deste homem sabe fazer tão bem.

Continuou a chover torrencialmente pela madrugada adentro.