A máquina chamada Sinceridade


A engrenagem é simples e complexa ao mesmo tempo
é como o ar em movimento que é vento
é como o corpo triste que existe
e a luz do dia que nos alumia.


Ela é intemporal
não precisa de sangue nem de vida
pode ser escrita, a bem ou a mal,
é tremenda, pura e sentida,
pode ser desejo, fome ou cura,
talvez loucura, de certo pura,
capaz de arrancar um coração
despido no encandear de um grito
no toque mais terno da paixão
entre a força que flui e a de atrito,


para ser reflectida no espelho da idade
e dizer que se chama Sinceridade.


“Se não acreditarem na tua sinceridade, não ligues que é burrice,
eles hão-de descobrir um dia, que o vento é ar em movimento.”


João Amendoeira, in "POÉTICA", Editorial Minerva, 2012.