Um
poeta não se vê ao espelho.
Não
deve ser visto frente a um espelho.
O
poeta deve ser visto entre dois espelhos
pois
entre dois espelhos
contagiam-se
labirintos infinitos de espelhos
onde
o poeta está sempre presente
e se
perde nos espelhos
sem
nunca mais terminar
numa
intimidade contagiante e perdida no infinito
que
realmente permite retratar
o
que o poeta escreve
pois
ele não termina no primeiro reflexo
mas
sim é reflectido para sempre.
João Amendoeira
in Nobilis: luzes & trevas, Gualdim Edições, 2015.