in Jornal Cidade de Tomar de 4 de Agosto de 2017
Trago,
desta vez, sem descurar a continuação da descrição da obra do padre António
Carvalho da Costa, uma outra de um contemporâneo deste escritor de nome Diogo
Barbosa Machado.
Barbosa
é talvez, na minha opinião, um dos maiores pensadores e investigadores que
Portugal já conheceu. Ele é autor de várias obras entre as quais a Biblioteca
Lusitana, onde estão múltiplas informações, bibliografia e histórias que de
outra forma se teriam perdido para sempre.
Vindo
do passado, este é talvez um dos momentos mais caricatos da história de Tomar
de que há registo e se não fosse Barbosa Machado, nada saberíamos acerca de um
determinado acontecimento ocorrido em 1687.
Posso
até mesmo arriscar que esta informação esteve preservada na obra Biblioteca
Lusitana, Tomo I de 1741, até este preciso momento, aqui no Jornal
de Cidade de Tomar, para ser novamente publicada em 2017.
Confesso
que no folhear da obra, li entre linhas “Villa
de Thomar”, voltei atrás nas páginas e abri a notícia, que se referia ao Frei Amador da Conceição, natural do
Porto e falecido em Tomar em 1709.
“É Religioso da Ordem dos Menores da Província
de Portugal, Leitor jubilado na Sagrada Teologia, e pregador grande de quem
outros fazem memória dos seus discursos.”
Foi
Guardião de vários conventos portugueses como em Leiria, na Covilhã, assim
como, o de Nossa Senhora da Via Longa, o de Santa Cita, o de Santa Iria e do
Convento de São Francisco em Tomar, onde faleceu.
É
feita referência a vários discursos que o glorificaram, entre os quais um
Sermão das Almas no Convento de São Francisco em Tomar, pelos irmãos defuntos
da Ordem Terceira, e um outro na “Misericórdia de Tomar” na “Quarta-feira de Cinzas”.
Quanto
ao momento caricato a que me refiro, este manteve-se notícia graças a um outro
sermão do Frei Amador da Conceição, que o nosso bom Barbosa Machado achou por
bem incluir na sua obra e hoje aqui o temos e deixo-o tal como o autor o
escreveu.
“Sermão pregado no Convento de Santa Iria, e
das Religiosas de Santa Clara da Villa de Thomar em ação de graças, que todos
os anos se celebra no próprio dia, que Deus fez mercê às Religiosas de as
livrar do formidável raio que caiu no Mosteiro, e se desvaneceu no lago, onde
Santa Iria padeceu e seu martírio, em ano de 1687.”
Frei
Amador da Conceição, contra a nossa curta memória histórica, seria dos clérigos
mais conhecidos em Tomar em finais do século XVII e início do século XVIII,
tendo a sua memória se desvanecido com o passar dos anos após a sua morte.
E é
assim que a notícia deste “formidável
raio” que tanto terá assustado as “Religiosas
do Mosteiro” chegou até 2017. Ao
ponto de estarmos a falar em mão divina no seu salvamento, amplificado pelo
local da ocorrência, e num agradecimento anual sempre recordado pelo Frei
Amador da Conceição na forma de Sermão.
Todo
este panorama requer um agradecimento especial ao Barbosa Machado e à sua obra
publicada em 1741.
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