Mistérios de Santa Iria – Parte 3: Quatrocentos Anos depois


Mistérios de Santa Iria – Parte 3: Quatrocentos Anos depois

in Jornal Cidade de Tomar de 31 de Agosto de 2018


Esta terceira parte da temática "Mistérios de Santa Iria", traz aquela que deverá ser das mais importantes obras dedicadas à Padroeira Santa Iria.
A obra no presente ano de 2018 faz o seu aniversário 400. Percebi por mero acaso!
É verdade, quatrocentos anos! Foi publicada em 1618, tendo sido escrita no Convento de Cristo pelo Frei Isidoro de Barreira.
O livro "História da Vida e Martírio de Santa Eria, Portugueza nossa", possui todas as autorizações necessárias da sua época inclusive da Ordem de Cristo, do Frei Padre António Vieira, entre outros que "certificaram" esta magnífica obra e que lá surgem a testemunhar.
A forma elegante e popular com que este livro foi escrito permite perceber que o Frei Isidoro de Barreira, para além de ter seguido as obras anteriores, teve o cuidado de recolher informações sobre a lenda entre o povo nabantino e aqueles que acorriam em peregrinação a Tomar.
Este livro da terra nabantina inicia-se com poemas dedicados à obra por outros Freires, que nas suas rimas elevam o autor Frei Isidoro de Barreira e a Santa Iria: "Em Barreira se põe, pera que o mundo,/ Imitando a vida desta Santa/ Deixe de ser imundo, e seja mundo."
Isidoro conta a lenda com pormenores notáveis, onde surgem momentos e situações quase deconhecidos para todos: "E como Anjos & Serafins, eram os que guiavam tão maravilhosa navegação e sabiam a que porto a haviam de levar"; assim como, o momento que se seguiu à morte de Iria em que alguns consideravam que "tivesse de sua perdição, julgando o erro de fugir"; para além, há um capítulo dedicado à fuga dos assassinos "Como Remigio e Banão temendo ser descobertos se foram a Roma e do que se sucedeu"; outro capítulo é dedicado à partida do povo de Nabância em busca do corpo de Iria; outro, ainda, refere-se ao milagre do aparecimento do sepulcro de Santa Iria no Tejo quando a Rainha Santa Isabel e o Rei Dom Dinis ali passaram.
Esta é a sagrada obra de Tomar, enorme em riqueza histórica e religiosa, um verdadeiro tesouro publicado em 1618 e que vive esquecido.
Parabenizando em tom de agradecimento o Frei Isidoro de Barreira, deixo-lhe uma quadra da minha autoria.

O mestre Isidoro de Barreira fez no seu tempo
o cumprimento do seu escrito divino
eternizando Santa Iria no sagrado Convento,
 vive hoje, aqui no Cidade de Tomar, a herança do seu destino.



* Ilustração original de Santa Iria (1618)

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